PUXADA DO MASTRO AGITA OLIVENÇA DURANTE DOIS DIAS

Um público estimado em oito mil pessoas se reuniu ontem (11), na praça Cláudio Magalhães em Olivença, para aguardar a chegada do Mastro de São Sebastião, tronco de madeira que é substituído todos os anos da frente da Igreja de Nossa Senhora da Escada. O tradicional ritual de origem indígena, começou às 5 horas da madrugada com a celebração da Missa dos Machadeiros, e terminou às 19h30min, quando o tronco chegou ao destino conduzido por índios remanescentes da tribo tupinambá, turistas e centenas de pessoas da comunidade de Olivença e Ilhéus. Na noite de Sábado (10), a realização da festa foi anunciada pelos sinos dos índios tupinambás, substituindo as matracas no decorrer dos anos, como determina um dos rituais mais antigos do Brasil e mais festejados na Bahia.



Foto: Ed Ferreira

O evento contou com um esquema especial de segurança da Polícia Militar, que garantiu a tranqüilidade ao público, e a Secretaria de Saúde de Ilhéus disponibilizou ambulâncias e distribuiu preservativos como parte da campanha de prevenção as DST/ Aids. Promovida pela Secretaria de Turismo (Setur) de Ilhéus e Bahiatursa, as atividades da Puxada do Mastro começaram na sexta-feira (9), com show na praia. Sábado e domingo a praça foi animada por diversas bandas, que tocaram em cima do Trio Iemanjá.

Como parte dos rituais, às 8h30min, os machadeiros responsável pelo corte da árvore se concentraram em frente à igreja e em seguida partiram para a mata localizada a 8 quilômetros de Olivença. Dentro da mata, no local onde se encontrava a árvore de 10 metros de altura e 50 centímetros de diâmetro, previamente escolhida para mastro uma semana antes do evento, foram realizadas orações seguidos de cânticos, além do corte de um outro tronco menor denominado de macharel, que foi conduzido até a praça pelas crianças. Depois da derrubada, a Secretaria de Turismo (Setur), fez o plantio de mudas da Mata Atlântica. A festa, originaria da corrida de troncos, remonta de 1860, com a catequese dos índios. Com a chegada dos jesuítas a Olivença, a igreja católica atribuiu o ritual ao sacrifício de São Sebastião, santo italiano flechado em um combate , relacionado a martírios como guerra, epidemia e fome, como explicou Erlon Costa, graduado em história, com especialização em psicologia social.

Com a profanação da festa do Mastro de São Sebastião outros aspectos foram inseridos no evento, a exemplo de trios elétricos e blocos carnavalescos. Sábado (10), tocaram no Trio Iemanjá, as bandas Muleke, Estrela do Mar, Mel de Forró e Kibalanço. Ontem (11), a animação ficou por conta das bandas Raiz e Estrela do Mar. Com o propósito de resgatar elementos que se perderam ao longo do tempo, índios tupinambás e membros da comunidade de Olivença reintegraram, esse ano, a festa, o Terno de Camponesas e o Bumba-Meu-boi. O Bloco Pau de Guerrinha e o Intimus que saiu pela primeira vez, também animaram o público. A leva de São Sebastião, cuja bateria foi composta por membros dos blocos afro Mini Congo, Danados do Reggae e Leões do Reggae, também fizeram a alegria da festa.

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