Ilhéus quer a recuperação da lavoura cacaueira

Ao ressaltar durante encontro com integrantes da Comissão do Cacau da Assembléia Legislativa da Bahia e produtores rurais, no auditório da Ceplac, que Ilhéus sempre foi tradicionalmente um pólo de comércio e industrialização de cacau, mas a cadeia produtiva foi duramente afetada pela crise provocada pela vassoura-de-bruxa, que desarticulou todo o sistema e deixou um rastro de pobreza e desemprego, o prefeito Jabes Ribeiro, que também é presidente da Amurc, manifesta otimismo com as perspectivas de recuperação da lavoura, com o uso de clones resistentes à vassoura-de-bruxa e de alta produtividade e cobra mais recursos para o programa de recuperação da lavoura cacaueira, “que precisa de uma política setorial específica”. E ressalta a importância do programa para geração de emprego e renda, já que o cacau exige uma utilização intensiva de mão-de-obra.

O secretário-executivo do Comitê do Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira, Fernando Florence, acredita que já foram recuperados até agora, na região produtora da Bahia, mais de 130 mil hectares com variedades resistentes à vassoura-de-bruxa, isto em áreas financiadas, sem levar em conta fazendeiros que vêm fazendo a renovação das plantações com recursos próprios, o que pode representar um adicional de 20 por cento, em relação ao estimado, o que considera um resultado positivo para os produtores.
Destaca ainda, o secretário do comitê a prorrogação do Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira até 30 de setembro e também do Pesa (Programa Especial de Saneamento de Ativos). Porém, o mais importante em tudo isto é “viabilizar a liberação dos R$ 180 milhões do Plano Safra 2002 e 2003. Temos também , o anúncio do novo Plano de Safra, com uma proposta de liberação de R$ 300 milhões, que está sendo trabalhada pelo Ministério da Agricultura,” argumenta.
Para Fernando Florence, o programa do cacau já absorveu até agora, R$ 340 milhões, dos quais R$ 125 milhões na primeira e segunda etapa, que envolveram apenas a remoção de pés de cacau infectados com a vassoura de bruxa e a realização de tratos fitossanitários, “a única vantagem destes dois estágios para o produtor foi a de manter as roças em condições de clonagem.” Acredita que se os recursos anunciados tivessem sido liberados no tempo certo e como havia sido programado, as metas de recuperação dos 300 mil hectares da lavoura cacaueira baiana já teriam sido alcançadas.
Em que pese a recuperação de 130 mil hectares, 43 por cento do previsto, a retomada da produção ainda é lenta e chegou na safra passada, que terminou em maio, a 127 mil toneladas, muito pouco para manter a operacionalidade do parque moageiro instalado em Ilhéus, considerado o maior do Cone Sul. Atualmente, o parque ilheense importa cacau para processamento industrial, evitando assim a ociosidade dos equipamentos e garantindo o suprimento do mercado interno.
A Ceplac também lançou recentemente, numa parceria com o Instituto Biofábrica de Cacau, que tem uma unidade de produção de mudas para clonagem em Banco do Pedro, distrito rural de Ilhéus, quatro novos clones da série CP (06, 38, 49 e 53), todos eles considerados autocompatíveis, de alta produtividade e resistentes à vassoura-de-bruxa. O material já está em fase de produção na Biofábrica, que já disponibiliza para produtores da região outros 20 clones selecionados pelo Cepec para produtores da região. Hoje, o patrimônio genômico dispõe de 40 clones compatíveis e outros 22 intercompatíveis também em fase de multiplicação para distribuição futura aos produtores de cacau.
Para o diretor da ong Pau Brasil, Paulo Alvim, um renomado cientista que comandou o Centro de Pesquisas do Cacau durante quase duas décadas, hoje, com o domínio do sistema de clonagem, o Brasil é o mais avançado país nas pesquisas de cacau, além de investir no estudo do genoma do fungo e do cacaueiro. Para o cientista, outro ponto positivo é que “somos campeões em termos de multiplicação vegetativa e temos em Ilhéus, o maior centro de propagação de cacau do mundo, que disponibilizou em dois anos, oito milhões de mudas resistentes à vassoura-de-bruxa e de alta produtividade para os produtores.”
O desafio agora, para o cientista Paulo Alvim, que elogia o esforço dos pesquisadores da Ceplac para vencer a vassoura-de-bruxa: “temos hoje o que há de melhor em termos genéticos, com a seleção das melhores variedades e o que falta agora, é renovar as nossas plantações, o que depende de recursos financeiros a serem disponibilizados pelo governo federal através dos seus agentes financeiros.”

KT

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