Ilhéus 30 anos de surf

Em 2003 a cidade de Ilhéus, comemora 30 anos de introdução do surf, desde o verão de 1972/1973, quando Whashigton Soledade e Cezar Falcão, deram suas primeiras remadas e drops na praia da Av. Soares Lopes.
Para melhor captar o real valor dessa história faremos uma breve recapitulação da trajetória do esporte pelo mundo, Brasil e Ilhéus.

Surf é o esporte de percorrer sobre a face de ondas em direção à praia, utilizando para isso as chamadas pranchas. Os polinésios, povos muito antigos que habitam ainda hoje as ilhas do oceano Pacífico, sempre foram exímios mergulhadores, pescadores e construtores de embarcações, logo descobriram que podiam se divertir sobre tábuas de madeira deslizando sobre as abundantes ondas da região. Existem relatos em livros de história que datam de mais de 1.500 anos. Na busca incansável pela conquista de novas terras, os polinésios habitaram o arquipélago que tornou-se o mais ovacionado pelos amantes do surf, o Hawaii. Nesse tempo, o rei Moikeha, casou-se com as filhas do rei local e “sancionou” uma lei onde só a elite poderia surfar de pé sobre as pranchas, a plebe só podia surfar de joelhos ou deitados. Além de perpetuar o surf através de canções e danças, os polinésios Preocupavam-se em preservar a natureza, e tinham o esporte como uma grande festa religiosa-política-cultural.
Em 1777, o aventureiro e conquistador Inglês, James Cook, primeiro homem branco a conhecer o Hawaii, se apaixonou pelo surf.
Só em 1907, George Freeth, principal surfista do arquipélago dessa época e mais Jack London, o maior aventureiro já conhecido e o escritor mais lido na história dos EUA, e Alexander Ford, que organizou o primeiro clube de surf e canoagem das ilhas, o Outrigger Canoe and Surfboard Club, resolveram difundir o esporte por outros países para não ser extinto. Por armação do destino, um empresário norte americano de uma companhia de ferrovias,Henry Huntington, iria inaugurar em 1907, a rota da costa oeste dos EUA, entre Los Angeles e Redondo Beach, assim convidando o homem que deslizava sobre as águas, George Feeth, que firmou-se na Califórnia difundindo o surf até sua morte em 1919. Nesta época, surge o mais famoso dos polinésios, nadador e surfista, salva-vidas, Duke Paoa Kahanamoku, campeão mundial de natação e recordista de varias categorias na Olimpíada de 1912, foi o grande responsável pela difusão do surf pelos mares do planeta, inclusive a Austrália em 1915, onde construiu pranchas e demonstrou aos locais a arte de deslizar sobre ondas. Duke disputou 4 Olimpíadas e ficou famoso em todo o planeta. Duke, conheceu em 1913 o americano Tom Blake, que foi ao Hawaii em 1917 e apaixonou-se pelo surf, inventivo e dinâmico, Blake foi o homem que deu outro direcionamento ao esporte através da melhora do principal equipamento, as pranchas que em 1920 chegavam a pesar 80kg e mais de 15 pés de altura, construiu uma prancha oca com 25kg, vindo a vencer o primeiro campeonato de surf da Califórnia em 1928. Não “satisfeito” com a diminuição do peso, tamanho e formato das pranchas, Blake, inventou as quilhas, em meados dos anos 30, essenciais nas pranchas atuais, dando aos praticantes do esporte a chance de fazerem cada vez mais manobras radicais, assim o governo federal dos Estados Unidos Da América, adotou para toda a guarda de salva-vidas da costa americana as pranchas de surf construídas por Tom Blake.
Em 1946, após a segunda guerra mundial e o advento das resinas e fibras de vidro, o americano Preston Peterson, construiu a primeira prancha com resina e fibra, mais ainda com madeira. Em 1949, Bob Simmons, construiu a primeira prancha inteiramente de resina e fibra de vidro, vindo a explodir o esporte nos EUA. Em 1957, Gordon Clark, inventou as espumas(blocos de poliuretano), usados na fabricação dos shapes ou formatos das pranchas e posteriormente laminados com resina e fibra de vidro, isso possibilitou a melhora das formas, diminuiu o peso das pranchas e a difusão e construção de pranchas em todos os lugares do planeta.
Nos idos anos da década de 1960, as competições fervilhavam principalmente na costa americana, Austrália e Hawaii. Phil Edwards, era o grande competidor da época, inventor das manobras: hang ten, hang five e cutback.Em 1968, Mike Doyle, recebe mil dólares na premiação do campeonato de Duke e torna-se o primeiro surfista com fins profissionais da historia.
Em meados da década de 1970, foi criada a IPS, primeira organização a nível mundial para o surf, organizando o circuito mundial até 1982, em 1983 surgiu a ASP(Association of Surfing Professional ), a qual rege o esporte até os tempos atuais.
O Brasil começou a receber os primeiros surfistas na década de 1930, quando turistas, pilotos de companhias aéreas e brasileiros abonados traziam pranchas dos EUA. Em 1938, em Santos(SP), Canal 3, praia do Gonzaga, Osmar Gonçalves, Silvio Malzoni, João Roberto e Suplicy Haffers, depois de verem uma revista(Popular Mechanic) doada pelo pai de Osmar, onde ensinava a fabricação de uma prancha de surf, não perderam tempo e construíram o que seria a primeira prancha 100% nacional, com 3m e 60cm,12 pés de altura e 80kg, dando inicio a este apaixonante esporte na nação verde e amarela. Já se passaram 65 anos, a evolução dos equipamentos, marcas, fabricantes, atletas, veículos especializados, Internet, mercado, membros técnicos, e uma infinidade de associações, escolas de surf, arrecadam uma grande parcela de ICMs, gerando empregos e renda direta e indireta. O Brasil dispõe de um extenso litoral, com excelentes ondas, o que proporcionou a criação da ABRASP(Associação Brasileira de Surf Profissional) em 1986, e a realização de circuitos cada vez mais fortes e com premiações mais ricas a cada ano, levando o país a ser o terceiro melhor do mundo neste esporte, revelando campeões em diversas categorias.
Em Ilhéus, o esporte começou a ser praticado no verão de 1972/1973, quando os amigos Whashington Soledade e Cezar Falcão, deslizaram as ondas da Av. Soares Lopes. Daí em diante apareceram vários adeptos:Paulo Campos e Dirceu Góes, a família Argolo, Os Nora, Dão, Gabriel, Black, Os Torres, os Aguiar, os Levita, sendo que o boom se deu na década de 1980 até os dias atuais, onde já acumulamos títulos de Campeão Brasileiro Profissional por duas vezes com Jojó de Olivença, Campeão Mundial Teag-Team com Jerônimo Bonfim, títulos de campeão baiano em todas as categorias com Wilson Nora, Flavio Costa(que ao lado de Jojó disputa a elite do surf brasileiro desde 2002-Super Surf), os Galini, Rudá, Gabriel Macedo, Dennis Tihara, Aline Chaves e Daniela Serafin no feminino, Culão, Davi do Skate, Rodrigo Menezes, Charles Costa, Sandro Grossinho, Mauricio Weyll, Rato, Jaqueirinha, Baitacão, Nadador, Sânio Carvalho, Pincel, Nego Adilson, Elsior Coutinho, Paulo Falcon, Batata,Carlos Santiago, Duda Barreto, Fio, João de Deus, Charles Chaves, Ivan de Olivença, Aderino França(membro técnico (CBS/ABRASP/FBS).

Ilhéus acompanhou o desenvolvimento do esporte em todos os seus ângulos, com lojas especializadas, fábricas de prachas como a Scoot de Kalay, as Krakatoas de Gustavo, Destack de Davi, entre outras, fábricas de roupas e acessórios, como Apoena de Gustavo e a Foka, escolas de surf como a escolinha de Gabriel, programas nas rádios, veículos especializados impressos e digitais, enfim uma gama importante exclusivamente girando em torno dessa paixão.
Atualmente Adalvo Argolo, ocupa a presidência da Federação Baiana de Surf e a Vice-presidência da Confederação Brasileira de Surf.
Muitas praias foram desbravadas pelos amantes deste esporte nestes 30 anos em Ilhéus, já que temos 90km de litoral, sendo ele em grande parte surfável, muitos são os praticantes na atualidade, sendo que as facilidades aumentaram, com transporte até os locais de surf, equipamentos cada vez melhores, competições, varias foram às conquistas, sendo a maior delas a fundação da Associação Ilheense de Surf, em abril de 1983, uma pioneira no Brasil, que em 2003 completa 20 anos. Parabéns a todos que direta ou indiretamente contribuíram para essas três décadas de surf em Ilhéus, trabalharemos para dar prosseguimento a essa magia que é deslizar sobre ondas, sem esquecer que o mundo mudou e a necessidade de atrelar o esporte à preservação ambiental e ao lado social é a Tonica a ser seguida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *