Os alunos de Agronomia e o provão

É a terceira vez que o curso de Agronomia no Brasil é submetido ao provão, o que nos dá a certeza que a campanha para termos uma avaliação digna que realmente qualifique nossas Universidades no seu caráter mais nobre, o de mantenedor de uma política de ciência e tecnologia voltada para o desenvolvimento do país, da região, do estado, enfim do ser humano.

Está apenas começando, são três anos realizando boicotes, pedindo uma audiência pública, realizando plebiscitos e lutando contra o pior dos inimigos, a morosidade e falta de compromisso com o estudante, por parte da União Nacional dos Estudantes, a UNE, no entanto a FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil) e outras executivas de cursos vem conseguindo puxá-la a reboque e com certeza irá sensibilizar, não só a UNE mas toda a sociedade a discutir que Universidade queremos, pois o provão é apenas um meio , ao nosso ver, de mercantilizar o ensino superior e criar uma nova classe de consumo: a mente de consumo numa sociedade da informação, receberemos críticas e acusações dos que se preocupam talvez com seu próprio status que, sem em momento nenhum se perguntarem porque não deixarmos a sociedade a grande mantenedora financeira das Universidades avaliar nosso conteúdo técnico, mais muito mais o compromisso ético, moral , político de nossos estudantes e do que produzimos (Pesquisa e extensão) .
Iremos continuar recolhendo impostos para patrocinar os estudos de uma elite incubada para atuar em seu próprio projeto financeiro e pessoal? Lastreado pelo interesse de uma elite dominante de “capacitar” tendo lucros, muitos concordam que o provão é um meio de privatizar a Universidade, o modo de enfrentar o problema é que difere, enquanto uns acham que deve-se fazer o provão para provar que as Universidades públicas são melhores e evitar a privatização, outros acham que deve-se zerar o provão numa tentativa de desestabilizá-lo provocando a necessidade de se construir uma avaliação com todos os setores da comunidade acadêmica e sociedade principal interessada (pelo menos deveria).
Pôr fim, deixamos ao primeiro grupo algumas perguntas, no Brasil quem estuda nas melhores Universidades? Porque faremos uma prova que visa ranquear as Universidades ainda que se diga ao contrário? Depois do provão qual foi o aumento de estudantes de fora da região nos cursos mais concorridos de nossa UESC e qual o compromisso deles para conosco?
Existe algum estudante de medicina preocupado em pesquisar as enfermidades mais comuns ao povo Grapiúna? Existe algum estudante de Agronomia que não possui interesse em trabalhar nesta região preocupado com a problemática do Cacau? São perguntas que eu gostaria de verem respondidas, pois delas dependem o futuro de nossa região, de nosso Brasil, de nossa Bahia. Ao segundo grupo lembro-lhes o que disse Paulo Freire “ Minha inserção no mundo não é de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere, é a posição de quem busca não ser apenas objeto mas sujeito da própria historia”.

Durval Libânio Netto Mello.
Estudante do Curso de Agronomia da UESC.

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